domingo, 10 de janeiro de 2010

As manchas do livro: O não ser nos destrói.

Que é do ser que se negou em momento impreciso, ou que se tem negado quase diariamente? O ser eu, filho e irmão já não pode ser preterido; as riquezas imarcescíveis não são tão obscuras quanto parecem ou quanto parece ser insólita a felicidade. Nada disso! O descobrir-se é o que o é, é tarefa urgente; somos perecíveis, precisamos de nós prontamente sãos para caçar-nos. A busca não pode ser mais um trabalho de Sísifo, pois não nos querermos é admitirmos que não viemos ao mundo e que somos tão frágeis que não conseguimos compreender muito bem que ser forte, resistente a dores que calam n’alma fundo, é olvidar-se do latente ser eu, o que não se faz por si próprio, mas pela consciência pouca de que se têm de adquirir inteligência, prudência, correção, sensatez, pragmatismo etc. O encontro não se faz quando, fraco de cegueira e resignação, o que tem a busca por mister nem mesmo sabido por si próprio fraqueja e não pode com um trabalho que, parece-lhe, fora feito com o intuito de não se poder concluir. O ser eu é quem sofre com a extrema competência de sermos péssimos em entender a vida.

[naturalmente inconcluso]

Abril, 2009

(por Gustavo Henrique S. A. Luna)

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.