segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Che Guevara

Uma aula de história deve servir para desconstruir mitos.
Claudio Recco

Um mito se descontrói com uma grande reflexão sobre seu papel na história, percebendo o contexto em que viveu e qual importância teve para as principais transformações que ocorreram em sua época. Um mito se desconstrói analisando as condições objetivas em que suas ações ocorreram, compreendendo as forças sociais e políticas que existiam em dado momento, assim como os interesses econômicos envolvidos.

A discussão sobre um mito torna uma aula de história significativa, pois implica reflexão e não apenas fazer uma lista de grandes realizações de um “grande homem”. Os alunos se envolvem com uma discussão sobre a “importância de Napoleão” e apenas decoram uma aula com as “realizações de Napoleão”.

A matéria da revista Veja sobre Che Guevara é uma das peças mais retrógradas que podemos ver na imprensa nos últimos tempos, não pela opinião dos autores sobre o comunismo ou sobre Che, os medíocres autores podem ter a opinião que quiserem sobre qualquer coisa, mas daí a achar que todos os brasileiros devem ter a mesma opinião...

Nesta semana ouvi.. “todos sabem que Veja é uma revista fascista...”.
Não, as pessoas em geral não sabem.
Não sabem, e muitos acreditam nas “informações produzidas” pela revista.

A revista conseguiu – mais uma vez – dar uma lição de péssimo jornalismo, com a falta de ética básica para uma reportagem e contribuiu para reforçar os problemas do ensino da história no país.
Será que “liberdade de imprensa” significa: “eu tenho o direito de escrever qualquer coisa, sobre qualquer assunto” ???

Afinal, um mito se descontrói com análise e reflexão, coisa que os jornalistas da Veja não tiveram capacidade de fazer.
Para os críticos da revista, nenhuma novidade; para seus leitores assíduos e defensores intransigentes, um atestado de alienação, pois passaram a semana vomitando os argumentos lidos, sem a capacidade crítica de pensarem por si só.

Não é de hoje que parcela significativa da “grande imprensa” (sic) aposta da despolitização e na alienação de amplos setores da sociedade. Porque uma revista deveria contribuir para o povo refletir?, Não, é mais interessante contar a verdade pronta, para que as pessoas apenas repitam.
Ao voltarmos para as salas de aula, podemos resgatar com nossos alunos o papel do jornal O Estado de S Paulo na República Velha, ou da Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda para a crise do populismo e ainda sua importância para o golpe militar de 64

Claudio Recco é coordenador do HISTORIANET

(fonte: historianet.com.br)

Comentário: O Socialismo é, senhores, romântico, nunca existiu e parece, em tempos hodiernos, alienação. Vede os bons ideais de Lênin e o estorvo que se tornou a proposta socialista após sua morte. Também não sou a favor dessa forma acaba de capitalismo neoliberal que atinge, direta ou indiretamente, até o mais recôndito dos povos e faz com que a identidade de uma nação, sua cultura, adstrinja-se a meio quilo de "norte-americanismo". Fico fulminante com o pretexto de sua divulgação em massa: "trata-se de uma cultura universal, que rompe os limites territoriais norte-americanos" (Um estadunidense empolgado com o poder da internete). Sou a favor da antropofagia dos que consomem frutos saudáveis de diversas culturas, mas abomino a falta de reconhecimento, de identidade, causada pela total transferência de cultura. Quem acha que as boas propostas de Che seriam concretizadas através de um fechamento político e econômica também gosta, no mínimo, de esmurrar ponta de faca e comer cacos de vidro. Compreendo e até vanglorio o objetivo do Socialismo Teórico, mas os meios para tal são deveras obscuros, para não dizer que são insólitos. Se houvesse, sim, uma reflexão maior, por muitos que ainda acreditam nos fins teóricos do Socialismo, para planejar meios para atingir tal objetivo em pleno contexto histórico em que vivemos, na supremacia do poder capitalista; poder-se-ia falar futuramente em uma conquista desse sistema. Só estou cônscio de maus exemplos: os diversos totalitarismos de esquerda que houve durante o século passado; e isso, como sabem, só refletiu a miséria de muitas nações, que se viam psicóticas com o perigo de alguém mal intencionado usurpar o poder do proletariado (ditadura do proletariado), que não existia de fato. Por tudo isso, é que volto a afirmar que retomar princípios falhos, como a economia planificada e o fechamento político, só dá margem ao abuso de poder. Aprendi com alguns professores que estudar História é, em parte, desconstruir mitos; lembro-me de quando estudava a Revolução Russa e enchia-me de gosto pelo espírito revolucionário de seus idealizadores, mas notei, com mancadas e tropeços, que não se deve deixar em enganar pelo romantismo revolucionário e que o ideal é a reflexão céptica de um objetivo inserido em um contexto. Então, é assim que me despeço: alertando. Um abraço e até outros comentários.

Cientistas encontram o maior buraco negro já observado

26 de outubro de 2007

A agência espacial americana, NASA, divulgou impressionantes cenas feitas a partir de imagens captadas pelo observatório espacial Chandra e de acordo com cientistas norte-americanos as cenas mostram o que acreditam ser o maior buraco negro já observado, com cerca de 30 vezes a massa do Sol.

A afirmação é do grupo de pesquisadores do instituto de astrofísica da Universidade de Harvard e do Instituto Smithsoniano, liderados pela pesquisadora Andrea Prestwich.

De acordo com as informações divulgadas pelo grupo, o buraco negro se localiza na galáxia IC-10, distante 1.82 milhões de anos-luz da Terra. Ao seu redor, duas estrelas descrevem uma órbita completa a cada 34.4 horas, ao mesmo tempo em que lançam ao espaço gigantescas quantidades de gás, atraídas pelo descomunal força de gravidade do buraco. Esse processo gera grandes quantidades raios-x, detectados pelo observatório Chandra, especializado neste comprimento de onda.

A descoberta foi possível graças às observações sistemáticas de Prestwich e seus colegas, que repararam que as grandes emissões de raios-x geradas pelo sistema de estrelas repentinamente desapareciam. Para encontrar uma resposta, a cientista apontou para lá outro observatório, o satélite Swift, e fez novas observações por 10 dias.

Prestwich confirmou então aquilo que já desconfiava. O sistema binário passava periodicamente à frente de um grande corpo, invisível, que absorvia por completo as emissões de raios-x, fazendo-as simplesmente "sumir" repentinamente e o único objeto capaz de produzir esse fenômeno é o buraco negro.

Para escapar da gravidade da Terra, um corpo precisa ser acelerado a 11 km/s. No caso de um buraco negro, sua gravidade é tão forte que nem mesmo a luz, à velocidade de 300 mil km/s, consegue escapar, daí seu nome "negro", já que não pode ser visto.

Se comprovado, o novo objeto supera outro buraco negro descoberto há poucos dias por um grupo internacional de cientistas. Descoberto em 17 de outubro, o buraco tem massa 16 vezes maior que o Sol e foi o primeiro a ser descoberto em um sistema binário eclipsante, formado por um buraco negro e uma estrela de grande massa da galáxia do Triângulo, ou M33, distante e milhões de anos-luz.

Fotos: No topo, concepção artística mostra o sistema duplo orbitando o buraco negro, visto na cena no canto superior direito. Acima, a galáxia irregular IC 10, distante 1.8 milhões de anos-luz da Terra.

(fonte: apolo11.com)

A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.