domingo, 17 de fevereiro de 2008

Poesia: Plenilúnio

Fonte da fotografia: apolo11.com

Plenilúnio

Eis tão belo brilho que é os amores que não tive
e que estão aprisionados naquela imensidão que me espia.
A luz que clareia a madrugada auspiciosa são as farsas, as forças,
as farpas cravadas no peito do que se apaixona pela
mulher que nunca será como a lua...

Posto que a majestosa luz é mentira que, eterna,
nunca é revelada, resta-me a mulher parca,
o menoscabo da mentira lunar, que, forte, maltrata
o lunático sem máculas, sem as dores do mundo.

Reside nos amores terrestres a face sob as faces,
que não ilude o devoto da lua, que todas caem.
O proselitismo da verdade restrita ao plenilúnio
ameaça a mentira amigável da mulher de boca pequena
e olhar grande, penetrante, mas mudo...

A mudez atormenta o prosélito dessa religião ilibada,
que presto põe-se, com torpor, a ler o rosto sincero
inscrito no contorno lunar que o faz esquecer
a mentira terrena e a verdade, a única que há...

(Por Gustavo Henrique S. A. Luna)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.