Neste blogue, postarei freqüentemente algumas dúvidas gramaticais presentes no fórum de Língua Portuguesa SOLP (Só Língua Portuguesa) e as respostas dadas por mim. Eis o intento de divulgar tal sítio, em que são tratadas diversas questões acerca de nossa língua. O incipiente fórum tem adquirido muitos membros, e, caso queiras ser um deles, basta que o acesses por meio do endereço: www.solp.com.br/forum.
Cá está a questão:
Olá! Gostaria de saber quais dessas alternativas respeita as regras da gramática normativa tradicional e qual seria o erro encontrado.
1. O envase era feito na própria refinaria e os botijões eram transportados em barcaças a Salvador, para distribuição domiciliar, dando início a uma experiência-piloto, já que as empresas instaladas no país, comercializavam seus botijões a partir da venda inicial conjunta de fogão e botijão.
2. Proporcionalmente a Liquigás do Brasil destacou-se por algumas atividades inovadoras. Ela mantinha um concurso interno entre seus revendedores: aos que mais se destacavam, oferecia-lhes viagens à Itália, onde as instalações da matriz faziam parte do roteiro.
Agradeço a atenção.
A minha resposta:
Olá, ***. Analisei as duas passagens textuais e encontrei transgressões tão-somente na primeira. Valho-me da oportunidade para deixar o alerta a quem escreve: cuidado com a construção de períodos muito longos! Eles exigem do escritor mais cuidado a fim de que não cometa nenhum solecismo. Tratarei os textos pela ordem em que me foram apresentados.
1.º - Na face da oração aparece cacografia acerca da qual já se falou bastante: não se escreve o envase, mas sim a envasa, que se refere ao verbo envasar, que a propósito deriva de vaso.
2.º - A fim de que haja a concordância do verbo na voz passiva, faz-se a reconstrução: A envasa era feita na própria refinaria (...).
3.º - Atenção: pode ou não ocorrer a anteposição de vírgula à conjunção coordenativa e, visto que há orações coordenadas cujos sujeitos são distintos. Eis uma faculdade, não há, pois, erro algum na omissão de tal sinal.
4.º - Ocorre a segunda cacografia: experiência-piloto. Não existe tal palavra composta, visto que há, em verdade, o determinante substantivo piloto (tal como outros determinantes substantivos: surpresa, pirata, cassete, relâmpago, bomba, monstro, etc.) que modifica o substantivo experiência; escreve-se somente experiência piloto.
5.º - Aparece, agora, o primeiro solecismo, que, por sinal, representa um dos erros mais crassos de nossa sintaxe: o emprego de vírgula entre termos essenciais da oração. A reconstrução se dá assim: as empresas instaladas no País comercializavam seus botijões (...).
6.º - Há também falta de emprego de inicial maiúscula na palavra "país".
7.º - Seria mais própria a substituição da locução prepositiva a partir de por estoutra: por meio de; pois aquela se refere à marcação do ponto ou limite inicial de uma contagem ou ao embasamento por meio de idéias, informações, suposições, etc.
8.º - O erro derradeiro, em minha análise, é a falta de paralelismo sintático na introdução dos complementos nominais fogão e botijão, pois, afim de se respeitar a boa coordenação, o final da frase deveria ser assim reescrito: (...) da venda inicial conjunta de fogão e de botijão.
O texto totalmente corrigido fica assim:
A envasa era feita na própria refinaria e os botijões eram transportados em barcaças a Salvador, para distribuição domiciliar, dando início a uma experiência piloto, já que as empresas instaladas no País comercializavam seus botijões por meio da venda inicial conjunta de fogão e de botijão.
Caso outro "forista" tenha descoberto mais algum erro, espero que não faça cerimônia em vir aqui contribuir com o tópico. E quanto a ti, ***, espero ter-te ajudado com esta análise. Um abraço deste que te escreve, e até outros tópicos.
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