quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Poesia: O Minuto Leveiro da Chuva.

A chuva que torna o meu sono difícil
chove águas escuras em que suspensos vêm os pesadelos.
São águas pesadas e fadadas ao fracasso da queda,
(do choque, da dor e deste minuto leveiro.
A água que nos alimenta, que no filtro de barro esfria,
não revela sequer o escopo daqueloutra, a infernal água pluvial.
Antes fosse tão-só barulho que se revela da chuva,
e não toda essa impaciência calma das horas que mereceriam
a chegada presta e heróica do sono.

Tão distintos são os ventos frios, muito frios,
que devassam o meu quarto através dos combogós de minha janela.
Trazem palavras, ora tristes, ora aguerridas,
(da chuva que continua a cair e escorrer pelas calçadas.
Os assovios longos que prenunciam mais água e talvez relâmpagos
são o terror dos pobres cães que, uivantes, tentam macerar
(a melodia, ululando cada vez mais alto, mais forte e mais triste.
Fosse eu as nuvens e teria de chorar todo o terror
que me é represado nestes tristes versos pluviais...

(Por Gustavo Henrique S. A. Luna)

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.