segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Nova técnica cirúrgica melhora vida de pacientes com câncer de pescoço

Por Fábio Reynol

29/08/2007

Uma nova técnica cirúrgica desenvolvida por médicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vem mudando o pós-operatório de pacientes com câncer na região da cabeça e do pescoço. Chamada de linfonodo sentinela, a nova cirurgia vem sendo desenvolvida desde o ano 2000 pela equipe do otorrinolaringologista Carlos Takahiro Chone. Após quase sete anos de pesquisa, a eficácia foi comprovada em 95% dos casos. Bem menos agressiva que o chamado esvaziamento cervical, a nova técnica retira somente os gânglios afetados pelo tumor. O grande desafio dos pesquisadores foi desenvolver um método para determinar quais seriam esses gânglios.

Células cancerosas são naturalmente drenadas pelo sistema linfático e acabam afetando os gânglios em que são depositadas. Como o cirurgião de cabeça e pescoço não tinha condições de determinar quais eram os acometidos, o tratamento exigia a retirada de muitos dos gânglios da região. A solução encontrada pela equipe de Chone foi adaptar uma técnica já empregada em cirurgias de câncer de mama e de melanoma. Uma substância radioativa, o tecnésio, é injetada diretamente no tumor, sendo drenado naturalmente para os gânglios ligados à região cancerosa. Uma sonda (gamma probe) é então colocada sobre a pele do pescoço do paciente. “Ela detecta o material radioativo e indica a localização dos gânglios que devem ser retirados”, explica o médico.

Ao possibilitar cortes bem menores e evitar a retirada de vários gânglios, a nova cirurgia é bem menos invasiva e, por isso, reduz o risco de infecções. Além disso, a técnica traz vantagens econômicas, resultado das cirurgias mais rápidas e o menor tempo de internação. Essa vantagem ajudou a nova cirurgia a ser incluída na cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS).

O atual objetivo da equipe, única no mundo a utilizar a linfonodo sentinela, é divulgá-la. O grupo, formado pelo otorrinolaringologista Agrício Crespo, pela patologista, Albina Altemani, pelos médicos nucleares Elba Etchebehere e Edvaldo Camargo, além do próprio Chone, vai promover um curso no fim de outubro na Unicamp voltado para cirurgiões dessa área.

A incidência dos tumores de boca e garganta está em terceiro lugar na população masculina brasileira, ficando atrás somente dos cânceres de próstata e de pulmão, respectivamente. Devido principalmente ao cigarro, esses tumores atingem cerca de 25 mil pessoas a cada ano no Brasil. Uma população que pode ganhar qualidade de vida com a nova técnica.

(fonte: comciencia.br)

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.