quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Poesia: Aula de português

Carlos Drummond de Andrade

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

3 comentários:

  1. gOSTARIA QUE ALGUÉM ME AJUDASSE A RESPONDER A SEGUINTE PERGUNTA? -pORQUE O POETA ESCOLHEU ESSE ESTADO DO Brasil para dar referencia a sua ignorancia?
    será que eu posso dizer que é o Amazonas um estado tão grande e que está sofrendo muita desvastação e com relação a ignorancia podemos dizer que está comparando a sua falta de informação a imensidão do Amazonas mas que está sendo desmatada pelas aulas de portugues?

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  2. o poema não diz isso. Leia-o mil vezes para entender o que vem a ser esta comparação... falta muita leitura. Ele diz o contrário. Compara o Amazonas à nossa gramática própria. E o desmatamento (semanticamente negativo) destrói a nossa "mata", nossa fala, o que aprendemos com a vida. E o desmatamento é a escola e suas amarras. A Gramática Tradicional, no papel do professor despreparado, que nos desmata, nega nossa fala em detrimento de uma escrita culta dita "certa". Fica a dica, leia criticamente e com sabedoria.

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  3. Faça uma analise critica desse poema e verá o verdadeiro significado do então citado "Amazonas de minha ignorância..."
    Como disse o colega acima, compara-se à nossa gramatica atual.

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.