sábado, 4 de agosto de 2012

Poesia: Os versos de Catota (I)

    Eis aqui breve homenagem a um dos mais talentosos cantadores pernambucanos, José Catota, natural de São José de Egito (PE), o berço da poesia, no Pajeú das Flores, donde saíram outros tantos mestres da arte da cantoria, como a trindade dos Batistas, Rogaciano Leite, Antonio Marinho, Jó Patriota etc. Segue abaixo pequeno trecho da apresentação do poeta Catota feita pela Voz do Uirapuru, Otacílio Batista:

    “No aniversário de oitenta anos de sua genitora, Catôta cantava com seu irmão Cícero, num ambiente do mais puro aconchego familiar. As auras benfazejas da inspiração favoreceram-no, com a força inelutável do improviso. Qual o mais belo? A doçura dos versos partidos dos corações filiais, ou a candura da atenção materna ouvindo-os atentamente? É impossível sabermos! Em homenagem àquela sagrada efeméride, foram colhidas estas primorosas Sextilhas de Catôta:

‘Minha mãe é parecida
Com uma pombinha mansa,
Já cansada da viagem,
Em toda sombra descansa;
Depois dos oitenta anos,
Mamãe parece criança.

‘Estão vendo esta velhinha
Toda envolvida num manto,
Com os olhos rasos dágua,
Tomando banho em seu pranto?
Cantava quando eu chorava,
Hoje chora quando eu canto!

‘Quando, pra mamãe, eu canto,
Sempre, sempre me comovo;
Quando ela ri para mim,
Parece dizer ao povo:
‘Depois dos oitenta anos,
Tornei-me nova de novo!’”

(fonte: LINHARES, Francisco; BATISTA, Otacílio. Antologia Ilustrada dos Cantadores. 2.ª ed. Fortaleza: Edições UFC, 1982. 502 págs.)

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.