quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Poesia: A Aquarela da Vida e as Cores que a Vida Tem.

    O que uma prova de pneumologia não faz com o sujeito? Revisando, na véspera, de madrugada, após feitas algumas sextilhas mnemônicas sobre as condutas para TEP, DPOC, pneumonias etc., fui tomado por uma vontade doida de escrever à toa. Como quem psicografa, escrevi dezoito sextilhas bem simples. E fiz num intervalo de tempo que não é bem meu: meia hora, estourando. Digo logo aos foristas amigos, confrades das discussões gramaticais, que o mais que fiz foi respeitar a expressão popular dos versos e que, quando der de escrever pés aos moldes das regras de nossa Gramática, a saírem com alguma graça, também não me furtarei de com eles semear esta seara. 
    Falando, ao telefone, com um bom e velho amigo, que leu os versos com exclusividade, disse-lhe que se me surgiram na mente após um esfervilhamento de juízo que me atacou numa madrugada dessas, após uma crise de tédio. Ele perguntou-me do título… Uma metáfora das coisas bonitas da vida, do (des)controle do homem sobre seu destino, da diferença dos amores mundano e divino, do prumo que dá Nosso Senhor a nossas mãos, para que se possa desenhar, com verdade e beleza, a aquarela da vida.

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A Aquarela da Vida 
E as Cores que a Vida Tem.

(Gustavo Henrique S. A. Luna)

Quem na vida padeceu
Por amor correspondido
Da vida não entendeu
O belo e real sentido,
Pois no amor só perdeu
O que tanto é perseguido.

Se lamenta tendo amor,
Verdadeiro amor não tem.
Um esboço pode ter,
Que o verdadeiro só tem
Aquele que vê na vida
A grandeza que o amor tem.

Se o calor da união
Não satisfaz o teu peito,
O problema não é o calor.
É o modo como ele é feito,
Porque calor verdadeiro
Endoida qualquer sujeito.

Tragante feito maré
É o sorriso feminino.
Te puxa ou te derruba.
Não depende do destino.
Depende de como tratas
O gênero feminino.

Tem um cabra que se mete
E dana a falar besteira,
Dizendo que o correto
É amor de gafieira.
Primeiro, ofende o amor;
Depois, a vida inteira.

O amor está em tudo.
Na poesia, também.
Mas tem gente que se engana,
Achando que ele tem
Um tal código secreto
Pra amar e querer bem.

Pra amar não tem segredo.
Basta com o Amor nascer,
Vivenciando em família,
O seu amadurecer.
Depois, pra compartilhar,
Nenhum esforço fazer.

Assim se vive com Deus
Agraciando o teu peito,
Com o amor verdadeiro,
Que é todo teu de direito,
Desde o romper da vida
Até parar o teu peito.

A velhice pode vir,
Mas o amor não se vai.
Parece que é divino.
Deve ser coisa do Pai.
O corpo pode esquecer
O que da alma não sai.

O amor mora na alma.
Dela faz sua residência,
Alimentando o espírito,
Recheando a consciência,
De pensamentos bonitos
Da Divina Providência.

Tudo isso pinta a vida
Com as cores que o amor tem.
Numa aquarela bonita,
Do pincel o vai-e-vem
Vai delineando os traços,
As curvas que a vida tem.

As linhas são tortuosas,
Mas o conjunto é perfeito.
O movimento da vida,
Brotando dentro do peito,
Se estica e percorre o braço,
E, com o pincel, ele é feito.

Cada traço é uma etapa
Em que se confunde a vida
Com a própria história do amor
Numa aquarela florida.
Se puxa um traço mais longo,
Parece a vida comprida.

Quando a vida é recheada
Com os tons que dá o amor,
Parece que ganha vida
A obra que fez o pintor.
E se a obra é perfeita,
O artista é Nosso Senhor.

Se me toca a aquarela
Depois que ela fica pronta.
Mais me toca é o processo,
Quando vejo, ponta a ponta.
Primeiro, o romper da vida
Do pincel tocando a ponta.

O entremeio é bonito.
Nele a gente faz nascer,
Se o amor é permitido,
Ou então deixa morrer.
Mas, se é compartilhado,
Faz a vida florescer.

A vida é esta pintura,
Obra de todo sujeito,
Que é dono do pincel,
Mas que não pensa direito,
Achando que cada traço
Vem direto de seu peito.

Só Deus apruma o teu punho,
Nessa arte de pintar.
É coisa que se aprende,
Se deixar Deus ensinar,
E, se não deixa, sai torto,
Não aprende a desenhar.

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.