segunda-feira, 14 de abril de 2008

Vírgulas Fatais

O VALOR DA PONTUAÇÃO

Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e pena, e escreveu assim: "Deixo os meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres". Não teve tempo de pontuar - e morreu.

A quem ele deixava a fortuna que tinha? Eram quatro os concorrentes.

Chegou o sobrinho e fez estas pontuações numa cópia do bilhete: "Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate! Nada aos pobres!"

A irmã do morto chegou em seguida, com outra cópia do escrito; e pontuou-a deste modo: "Deixo os meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho! Jamais será paga a conta do alfaiate! Nada aos pobres!"

Surgiu o alfaiate que, pedindo a cópia do original, fez estas pontuações: "Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres!".

O juiz estudava o caso, quando chegaram os pobres da cidade. Um deles, mais sabido, tomando outra cópia, pontuou-a assim: "Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres."

Assim é a vida, nós é que colocamos os pontos e isto faz a diferença. 

A contribuição acima é de Luiz Norberto Damiani, membro do MNDLP em Santos/SP, transcrevendo em 15/4/2000 mensagem recebida de Mário Canelas Jr.

Meu pai contava uma história assim:

Dizia que no Pará houve um levante popular. O comandante das forças armadas telegrafou ao Presidente da República relatando o fato e, no fim, perguntou - reajo ?
O Presidente respondeu assim: Não, tenha ponderações.
O telegrafista esqueceu da vírgula. Em razão disto, morreram várias pessoas.

Aristóteles

Contribuição de Aristóteles, da Paraíba, participante da lista de debates Idioma, mantida pelo MNDLP na Internet, enviada em 18/4/2000.

Reprimido versus recessão, ou a vírgula que salvou o herói

Num reino distante e antigo, uma criatura terrível ameaçava a tranqüilidade do povo. Era tão assustadora que todos começaram a chamá-la Recessão. Preocupado com os estragos que a Recessão causava ao Reino, o rei convocou Reprimido, um manjado herói, para liquidar a fera. Reprimido partiu, levando sua grande arma: o cartão de crédito. Alguns dias depois, o rei recebeu um telegrama no castelo: "A Recessão Reprimido matou". O rei ficou muito triste e decretou uma semana de luto em homenagem a Reprimido, que imaginava morto. Mas qual não foi a surpresa de todos, quando no dia seguinte Reprimido apareceu vivinho da silva. E explicou ao rei que tudo era culpa do telegrafista. Na pressa de mandar o telegrama, ele se esquecera de uma vírgula. A mensagem certa era: "A Recessão, Reprimido matou."

Extraído de "Língua não tem osso, ouvido não tem porteira, pensamento não tem fronteira", revista SuperInteressante Jovem Especial, Editora Abril, novembro de 1990.

Oráculo ambíguo -  Na antiga Grécia havia um célebre oráculo, que respondia com segurança a todas as perguntas que se lhe fizessem sobre o futuro, que para nós hoje já é passado. Um pai aflito, um dia, perguntou ao oráculo se o seu filho, que devia partir para a guerra, regressaria são e salvo.

O oráculo respondeu por escrito: "irá virá nunca morrerá nas armas".

O pai ficou satisfeitíssimo com a resposta. Mas a sua alegria não durou muito tempo. Logo depois de dois meses recebeu a dolorosa notícia da morte do filho em combate. Desesperado, foi ao oráculo, a fim de reclamar contra o engano da profecia. O oráculo lamentou muito o que havia sucedido, mas fez ver ao velho pai que nada tinha a corrigir. A sua professia estava certa e havia se cumprido. 

O que ele respondera era o seguinte: "Irá. Virá nunca. Morrerá nas armas". E não: "Irá. Virá. Nunca morrerá nas armas", como julgava o pai.

Extraído de Almanhaque para 1949 ou Almanhaque d'A Manha - Primeiro Semestre
produzido por Apparício Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971).

Lembra, por sua vez (em 6/2/2001, na lista de debates Idioma), o internauta Luiz Ezildo: 

"Tem aquela histórinha do cartorário que escreveu a respeito de um erro e tentando consertá-lo: "...quando digo digo, não digo digo, digo Diogo ..."

Em uma lista de debates sobre negócios, a Widebiz, a internauta Márcia Gama citou, em 24/1/2001:

Dizer "Quem canta, seus males espanta" é muito diferente de dizer "Quem canta seus males, espanta". 

No dia seguinte, na mesma lista, o internauta Lucio Wandeck respondeu contando uma história:

Não sei se é verdade, mas conheço a seguinte história.

Lá pelos idos de mil oitocentos e tantos, a atual cidade de Manaus (então pertencente à Provìncia do Pará) rebelou-se contra o governo. Foram deslocados de Belem dois navios de guerra que fundearam em frente ao lugarejo. O comandante, após comprovar a insurreição - chefiada por padres - enviou mensagem à Corte: 
- Devo bombardear Manaus?
A Corte respondeu:
- Não, poupe Manaus.
Porém o telegrafista achou desnecessária a vírgula!

E há também a velha história do rei impiedoso e do escrivão clemente. Um desafeto político do rei estava preso, aguardando a sentença do rei. Perguntou-se ao soberano se o condenado poderia contar com a bondade real. Respondeu o rei: "Não, mate!" Mas o esperto escrivão retirou a vírgula no documento que levou à assinatura do soberano. Assim, a ordem que os guardas receberam foi: "Não mate!". E o prisioneiro foi salvo...

(fonte: http://www.novomilenio.inf.br/idioma/20010302.htm - Movimento Nacional em Defesa da Língua Portuguesa)

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.