segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Poesia: Não desfazia (Não, disfasia!)

Tenho o veneno intermitente da perífrase em minhas veias
É maldição que me cala, tiro que resvala em meu coração
Não a realizo como um fruto amargo, mal cinza, de problema físico
Não a identifico como motivo maior de minha cisma, nem como
filha pernalta da Psiquê sem norte
Norte este que nunca topou comigo, ou, se já o fizera, não tomei tento

Ah! moça rude! Comunicação lassa, vens de onde!?
Qual teu nome, cobra viperina!? Oh! Só me maltratas
Tens-me escondido por detrás desta farsa, carregado poema imundo
Confunde-te com a fala, mas clareia esta sala escura...
Vê! Quero a mais fluorescente das idéias e que esta
visite-me semanalmente...
Não estimo esta comunicação oca, brinquedo industrializado
de seus vizinhos paraguaios! Sério, não são meus... Não sou telúrico...

Sou deveras mudo, uma inconseqüentemente conseqüente mente
nata da profusão de minha latente disfasia: é fala em fúria!
Sou, antes de tudo, um amante de minha mucosa bucal,
esta que, néscio devorada por efeito de quilofagia, pede socorro...
Comunico-me torpe comigo mesmo, e, aqui, a poesia acalma-se
Mudo de letra, este reflexo do momento em que vivo...
Acabou! Ah! Vou, agora, voltar ao que fazia, desfazia, disfasia...

(Por Gustavo Henrique S. A. Luna)

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A imagem de cabeçalho é montagem de algumas obras do pintor belga Jos de Mey.